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Vale mesmo a pena ter um peixe em casa?

Toda criança já desejou ter um peixinho. Mas, apesar de ser o primeiro pet de muitas pessoas, quando o peixinho morre é muito comum que a família desmonte o aquário e encerre a experiência.


porque ter peixes


Por aqui, na Kauar, a gente estranha muito essa cultura. Imagina só: na hora de comprar o peixinho pela primeira vez, a gente faz uma festa para os pequenos aquaristas. Incentivamos o cuidado, a observação. O afeto é criado.


Muito provavelmente pela falta de conhecimento de cuidados básicos com a água e alimentação (não se culpe, o hobby é um aprendizado mesmo), a expectativa de vida do peixinho é bastante reduzida e ele se vai... A partir daí, nossa relação com ele muda. Não estamos mais dispostos a comprar outro e aprender o que poderíamos fazer melhor. Apelamos para justificativas de que peixe morre rápido mesmo ou não faz nada, não interage, quase como se fosse um ser vivo que não sabe da própria existência. 


E a criança, que construiu toda a relação com o peixinho, fica sem saber como, de uma hora para outra, aquele pet que chegou de forma tão especial agora mudou tanto aos olhos da família... Triste, não?


Então, vamos lá.  Essa ideia de que o peixinho não faz nada e, principalmente, não sente nada, é um mito.


Existem muitas pesquisas que mostram que os peixes sentem dor, possuem respostas emocionais e boa memória. Muitos especialistas pesquisam sobre isso e já publicaram livros sobre o assunto, como a bióloga Victória Braithwaite. Olha só que legal o que as pesquisas dela mostraram: “Peixes sentem dor. Provavelmente, ela é diferente da que os humanos sentem, mas ainda assim, existe. Em termos anatômicos, eles têm neurônios conhecidos como nociceptores, que detectam perigos em potencial, como altas temperaturas, pressão intensa e produtos químicos, por exemplo. 


Além disso, os animais produzem os mesmos opióides – considerados os analgésicos naturais do corpo – e apresentam a mesma atividade cerebral que os mamíferos quando são submetidos a situações que provocam dor”.


Esse é só um exemplo, existem muitas outras pesquisas sobre a senciência de peixes e invertebrados, mas de verdade, a gente aqui nem acha necessário listar todas elas. Você pode apelar para algo que está muito mais próximo, a sua própria percepção ao cuidar desses animais.


Quem nunca se aproximou do aquário e percebeu que os peixinhos reconhecem nossa presença?


Quem nunca observou encantado o movimento da cauda, o verdadeiro balé das nadadeiras e comportamentos de fuga, ataque, cuidado com as crias? Ok, tudo isso varia de espécie para espécie, mas não é um pouco arrogante da nossa parte achar que outro ser vivo é incapaz sentir dor e expressar respostas emocionais por não ter o mesmo córtex pré-frontal que o nosso?


Da próxima vez que alguém vier lhe dizer que “peixe não faz nada”, pense em tudo isso e, principalmente, no carinho e na empatia. 

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